segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Unidade na Diversidade Cultural Inspirando Para a Construção de Moçambicanidade


 O título acima exposto é o lema do 8° Festival Nacional da Cultura que decorre na província de Inhambane desde a passada quinta-feira. A ideia da unidade na diversidade cultural inspirando para a construção da moçambicanidade pode assentar-se na promoção, valorização e divulgação de diferentes expressões culturais e artísticas que são desenvolvidas por qualquer cidadão que seja, expressem, exclusivamente a identidade (línguas, hábitos e costumes) do povo moçambicano.

No entanto, se se pretender compreender a questão da moçambicanidade sob ponto de vista da identidade de um povo, para a sociedade (multifacetada) moçambicana, pode ser de difícil perceptível. Por isso, como ponto de partida, implicaria a rejeição do ocidente em todos sentidos. O ocidente é, para Moçambique e para a África uma espécie de Deus; os africanos substituíram pelo ocidente. ( Ngoenha 1993 citado por Castiano, 2011, 83).

A presença do ocidente no solo moçambicano está cada vez mais a se estender até as zonas em que há tempo atrás não se consideravam promissoras para o aumento da economia, criando-se, assim, o aparecimento das novas oportunidades de emprego que por um lado não estimulam a tal moçambicanidade.

Em muitos simpósios nacionais da educação que são realizados no país tem-se privilegiado o uso da(s) língua(s) estrangeira(s) para discutir-se os problemas que muito bem seriam discutidos se fosse em nossas línguas, isto é, línguas locais, e segundo Castiano (2011:148) as línguas por meio das quais se divulgam os saberes produzidos em África são de origem Europeia ( ou inglês, francês ou em ainda português).

Contudo, se o debate da moçambicanidade for na perspectiva do ensino/educação, então a sua análise deve centrar-se nos 20% dos saberes locais que são leccionados nas escolas, visto que é uma medida que visa a promoção da moçambicanidade, entretanto, nota-se que os restantes 80% patentes no currículo nacional pouco reflectem uma boa educação que Segundo Castiano e Ngoenha (2013:166) se infere pelo grau de satisfação das pessoas individuais, famílias e instituições em relação ao desempenho da escola no seu meio. E por via disso, na escola, para se produzir um conhecimento que se julgue científico, o estudante é ‘‘obrigado’’ a assimilar os pensamentos e teorias desenvolvidos por autores muitas vezes estrangeiros.

É irrecusável e inquestionável que no país ainda prevaleça a escassez de estudiosos moçambicanos que se dedicam ao estudo da educação como ciência, entretanto, devia-se promover, valorizar e divulgar as contribuições de Brazão Mazula, José Castiano, Severino Ngoenha entre outros.  

Portanto, se verdadeiramente considerar-se que a moçambicanidade é a preservação e manifestação das expressões culturais e artísticas de um povo, então que se criem as condições para tal. Parece que na Diáspora é onde os fazedores (músicos, escultores, escritores) da identidade moçambicana são considerados referências moçambicanas ao passo que no próprio país pouco se faz para louvar-se o esforço empreendido. Por exemplo, há meses, lançou-se em Maputo pela Chancela do Alcance Editores a obra de Brazão Mazula intitulada A Utopia de pensar na educação, fruto da colecção de orações de sapiência que o autor foi dando nos diferentes estabelecimentos de ensino superior, mas infelizmente, na Biblioteca Central da UEM que por reconhecimento ostenta o nome do autor da  obra, a obra ainda não se encontra disponível para ser lida e discutida por seus utentes.

Referências bibliográficas
Castiano, J e Ngoenha, S. (2011). Pensamento Engajado; Ensaio Sobre Filosofia Africana, Educação e Cultura Política. Maputo, editora educar-universidade pedagógica.
Brazão Mazula (2013), A utopia de pensar na educação, Maputo, Alcance Editores  

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