O título acima exposto é o
lema do 8° Festival Nacional da Cultura que decorre na província de Inhambane
desde a passada quinta-feira. A ideia da unidade na diversidade cultural
inspirando para a construção da moçambicanidade pode assentar-se na promoção,
valorização e divulgação de diferentes expressões culturais e artísticas que são
desenvolvidas por qualquer cidadão que seja, expressem, exclusivamente a
identidade (línguas, hábitos e costumes) do povo moçambicano.
No entanto, se se pretender
compreender a questão da moçambicanidade sob ponto de vista da identidade de um
povo, para a sociedade (multifacetada) moçambicana, pode ser de difícil perceptível.
Por isso, como ponto de partida, implicaria a rejeição do ocidente em todos
sentidos. O ocidente é, para Moçambique e para a África uma espécie de Deus; os
africanos substituíram pelo ocidente. ( Ngoenha 1993 citado por Castiano, 2011,
83).
A presença do ocidente no solo
moçambicano está cada vez mais a se estender até as zonas em que há tempo atrás
não se consideravam promissoras para o aumento da economia, criando-se, assim,
o aparecimento das novas oportunidades de emprego que por um lado não estimulam
a tal moçambicanidade.
Em muitos simpósios nacionais
da educação que são realizados no país tem-se privilegiado o uso da(s)
língua(s) estrangeira(s) para discutir-se os problemas que muito bem seriam
discutidos se fosse em nossas línguas, isto é, línguas locais, e segundo
Castiano (2011:148) as línguas por meio das quais se divulgam os saberes
produzidos em África são de origem Europeia ( ou inglês, francês ou em ainda
português).
Contudo, se o debate da
moçambicanidade for na perspectiva do ensino/educação, então a sua análise deve
centrar-se nos 20% dos saberes locais que são leccionados nas escolas, visto
que é uma medida que visa a promoção da moçambicanidade, entretanto, nota-se
que os restantes 80% patentes no currículo nacional pouco reflectem uma boa
educação que Segundo Castiano e Ngoenha (2013:166) se infere pelo grau de
satisfação das pessoas individuais, famílias e instituições em relação ao
desempenho da escola no seu meio. E por via disso, na escola, para se produzir
um conhecimento que se julgue científico, o estudante é ‘‘obrigado’’ a
assimilar os pensamentos e teorias desenvolvidos por autores muitas vezes
estrangeiros.
É irrecusável e inquestionável
que no país ainda prevaleça a escassez de estudiosos moçambicanos que se
dedicam ao estudo da educação como ciência, entretanto, devia-se promover,
valorizar e divulgar as contribuições de Brazão Mazula, José Castiano, Severino
Ngoenha entre outros.
Portanto, se verdadeiramente
considerar-se que a moçambicanidade é a preservação e manifestação das
expressões culturais e artísticas de um povo, então que se criem as condições
para tal. Parece que na Diáspora é onde os fazedores (músicos, escultores, escritores)
da identidade moçambicana são considerados referências moçambicanas ao passo
que no próprio país pouco se faz para louvar-se o esforço empreendido. Por
exemplo, há meses, lançou-se em Maputo pela Chancela do Alcance Editores a obra
de Brazão Mazula intitulada A Utopia de pensar na educação, fruto da colecção
de orações de sapiência que o autor foi dando nos diferentes estabelecimentos
de ensino superior, mas infelizmente, na Biblioteca Central da UEM que por
reconhecimento ostenta o nome do autor da obra, a obra ainda não se encontra
disponível para ser lida e discutida por seus utentes.
Referências bibliográficas
Castiano, J e Ngoenha, S.
(2011). Pensamento Engajado;
Ensaio Sobre Filosofia Africana, Educação e Cultura Política. Maputo, editora
educar-universidade pedagógica.
Brazão Mazula (2013), A utopia de pensar na
educação, Maputo, Alcance Editores
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