O ensino técnico-profissional em Moçambique, aliás, na região sul do país e em particular na província de Maputo está a registar um crescimento quantitativo e não qualitativo. O crescimento quantitativo aqui descrito resume-se na multiplicação de instituições desta área de conhecimento que, diariamente, se instalam na Cidade de Maputo e Matola.
Nas esquinas e avenidas dessas artérias, sempre que alguém repara
atentamente para o lado esquerdo ou direito tem-se deparado, ao menos, com uma
placa a indicar a direcção, metragem e o respectivo nome da instituição
vocacionada em ensino técnico e profissional.
A formação em ensino técnico-profissional, bem ministrada, pode proporcionar o
desenvolvimento que há anos é almejado pelo povo moçambicano para o alcance do
bem-estar social e económico.
Quando se faz a análise da modalidade do funcionamento deste tipo de
ensino, surgem várias inquietações relativamente aos critérios que são usados
ao longo do processo de recrutamento e selecção de candidatos que procuram
formar-se em tais cursos. Os tais critérios que são obedecidos parecem não
observar a componente da propensão psicomotora e afectiva dos indivíduos.
Carece-me da noção clara daquilo que pode ser a modalidade do ensino deste
género em outros países, sobretudo nos que ainda se encontram em via de
desenvolvimento. Superficialmente, fica patente a ideia de que em Moçambique, o
ensino é encarado como sendo para uma determinada classe social e
que por sinal possui o poderio económico.
A maior parte de pessoas que regularmente se inscrevem nos cursos
profissionalizantes para a obtenção de alguma qualificação e competência
profissional são as que “podem” pagar as taxas de propinas, seja: em regime
trimestral, semestral ou ainda anual, e não as que realmente possuem as
propensões psicomotoras e afectivas que são exigidas nessa área.
Normalmente, os preços cobrados nos cursos tendem a ser cada vez mais
exorbitantes. Por isso, a oferta é maior em relação a sua procura. Como
consequência, vêem-se traídos os indivíduos desfavorecidos que possuem as
habilidades exigidas neste tipo de ensino.
As políticas e leis educativas que regulam o ensino moçambicano deviam
adoptar um modelo de acesso gratuito para os indivíduos que aparentemente são
injustiçados por não apresentar as condições financeiras favoráveis. O tal
modelo basear-se-ia na concessão de bolsas de estudos. Esta não é uma visão
nova, pois é sabido por todos (nós) que nas Universidades Públicas já foi
concebida a política educacional que garante ao indivíduo “pobre” o acesso
gratuito do ensino superior. Essa política é chamada bolsa de estudo (completa,
reduzida e isenção). Portanto, a
concessão de bolsas de estudos seria um meio exclusivo para os indivíduos que
têm vocação virada a área técnica mas que a (sua) condição financeira não os
permite ingressar nesse sistema de ensino. Assim, seria imperioso a introdução
de um teste vocacional ou modelo de orientação profissional.
Com o posicionamento acima exposto não se pretende de forma alguma ignorar
o facto de o país estar a viver na era do capitalismo. Esta é a altura ideal
para usar-se o capitalismo como via eficaz para o alcance do desenvolvimento e
não do constante empobrecimento. Na verdade acontece o seguinte cenário:
Se um graduado do nível básico ou médio não consegue a vaga para continuar
com os seus estudos no nível subsequente, encara a formação em ensino
técnico-profissional como via rápida para o ingresso ao mundo profissional.
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