segunda-feira, 24 de novembro de 2014

BREVE ANÁLISE DO PROCESSO DE MATRÍCULAS DA PRIMEIRA CLASSE


 
O processo de matrículas da primeira classe para a população em idade oficial de admissão referente ao ano de 2015 inicia no primeiro dia do mês de Outubro até ao trigésimo primeiro dia do mês de Dezembro à escala nacional. Praticamente são 3 meses cheios que equivalem 90 dias.

O aumento de dias foi decretado pelo órgão máximo do sector, que é o Ministério de Educação. De salientar que, para a implementação desta medida, alegou-se o proporcionamento do período suficiente para os pais e encarregados de educação inscreverem os seus filhos em idade escolar.

Neste ano, com a ansiedade do tamanho do mundo esperava-se que a medida em vigor fosse conduzida à revisão e a possível reformulação. No ano passado sucedeu-se que dois dias após o seu arranque, em algumas escolas da Cidade de Maputo já não dispunham-se de vagas para as crianças que cujos responsáveis não teriam feito as matrículas no dia anterior.

Os pais e encarregados de educação tiveram a concepção de que com o alargamento do período, o processo de matrículas seria exequível à qualquer altura que se dirigissem até as escolas. Porém, não tiveram em conta a questão da inexistência da relação directa entre o número de crianças em idade oficial existente no país e o número de vagas existentes nas escolas que ministram o primeiro ciclo de ensino primário obrigatório.

No meu entender parece que alastrou-se apenas o período da realização de matrículas e manteve-se o mesmo número de vagas para as crianças de 6 anos de idade. Por outro lado, percebe-se que não se reforçou a construção de escolas primárias para atender o número de crianças que anualmente cresce e como consequência continua haver crianças fora do ambiente escolar.

Com esta análise, pretende-se referir que a medida em vigor não é aplicável à todas regiões do país. Ora vejamos, para uma Cidade como Maputo não havia tanta necessidade de se alargar, exageradamente, o período de matrículas. Em Maputo, para além de o número de crianças em idade escolar ser elevado, os pais e encarregados de educação já estão sensibilizados através de vários órgãos da comunicação social a aderir a educação formal que exclusivamente é oferecida pela escola.

Por isso, os pais e encarregados de educação têm se preparado atempadamente, diferentemente das populações localizadas nas zonas rurais e ou recônditas do país, onde é imperioso que se desenhe uma estratégia acertada de marketing de forma que os populares percebam a real necessidade de matricular os filhos e apostar-se na educação como base de desenvolvimento integral do Homem.

Entretanto, há relatos que revelam de que em algumas povoações do país o professor é quem se dirige até às comunidades para matricular as crianças porque os pais/encarregados não se dão intervalo de interromper as actividades diárias para madrugar e formar longas filas tal como acontece em Maputo. Eles têm se dedicado regularmente ao trabalho do campo agrícola (machamba).

É de extrema urgência que as políticas educacionais traçadas procurarem reflectir na íntegra a realidade dos moçambicanos. É indubitável que a ideia da uniformização de medidas curriculares não tem sido boa estratégia, isto é, não gera os resultados esperados.


Um exemplo ilustrativo foi dado na sala de aulas por um docente referente ao texto de exame de Português da 12ª classe do ano antepassado no qual abordava-se sobre o uso da internet. A comissão de elaboração de exames olvidou-se de que a prova final (exame) é de carácter nacional, e no país, infelizmente ainda há localidades que a corrente eléctrica ainda não chega. Para um aluno que vive nessas condições em que não haja luz eléctrica, ainda que possua inteligência de que nível, dificilmente podia interpretar e resolver correctamente as questões do texto por causa dos termos técnicos (inglês) que não são de fácil compreensão e decifração.


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