Na passada quarta-feira, por voltas das 8 horas da manhã, no Campus da mais
antiga instituição do ensino superior em Moçambique, (UEM) aconteceu algo
inédito e perturbador. Considero inédito e perturbador porque qualquer pessoa
que por lá passava dizia estar espantada, visto que, o fenómeno actuava pela
primeira vez. E por via disso, agitava o decurso normal de actividades
académicas que, diariamente, são desenvolvidas naquele estabelecimento de ensino.
O que na verdade aconteceu foi o seguinte:
Os homens do refrigerante Coca-Cola instalaram-se justamente à escassos
metros da Biblioteca Central Brazão Mazula, isto é, perto da entrada para a
Faculdade de Educação. Montaram o som e levantaram uma intensa poluição sonora
que se estendeu até ao opor do sol.
Na medida em que a intensidade da poluição sonora ia aumentando apareceu-me
a questão do tipo: Quem foi o sujeito que, legalmente, teria autorizado os homens para
dar Show na academia? A Universidade Eduardo Mondlane é conhecida e apelidada
como sendo a marca do ensino superior em Moçambique. Mentira ou verdade, o
certo é que a elevada consideração
que se tem pela UEM deve servir de motivo de inquietação
aos membros do seu conselho universitário.
Entretanto, a ideia da marca
exige por um lado que seja preservada, salvaguardada e renovada dia após
dia. Por outro lado, exige e/ou pressupõe
que a UEM seja a amostra representativa de todos estabelecimentos de ensino do
nível superior existentes no país, daí que, é inadmissível decorrer um episódio
que contraria o sentido e princípios de uma universidade.
Penso que, na academia, devia
decorrer somente eventos cuja finalidade visa reforçar e
intensificar a formação dos estudantes e
não actividades que constituem barreira para a ocorrência eficaz do
processo de ensino e aprendizagem tal
como assistiu-se das 8h as 17h daquele dia.
É certo que de vezes em quando a academia deve realizar programas daquela natureza para distrair as
mentes dos estudantes e docentes que passam longas noites a decifrar teorias e
utopias científicas, mas penso
que seria bom se se planeasse uma manhã, uma tarde ou uma noite e num lugar apropriado e não acolher-se de surpresa alguns dos actores educativos.
Portanto, a poluição sonora é bem-vinda para
as datas comemorativas da instituição ou dia aberto, baile dos caloiros e não
um dia normal de aulas como quarta-feira, 8 de Abril de 2015, notemos que o indivíduo que apenas saíra de casa
com intenção de ler, fazer avaliação ou pesquisar na biblioteca dificilmente
pôde-se concentrar.